março 25, 2012

BOLO ZEBRA

bolo do niver da prima Claudia, indicando que uma zebra pode vir a ser o grande presente, pois nem sempre o previsível é o melhor para nós.
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fevereiro 15, 2012

A DÍVIDA DE EVA NO PARAÍSO É NOSSA

foto Benny Geypens fotopedia



Quando tudo estava biblicamente pronto, Deus entendeu que não era bom que o homem estivesse só, por isso disse:

“...far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. ” (Gn 2.18)

E nasce Eva que em pouco tempo demonstra ser pouco idônea para a missão divina de ajudante do homem. Pois deixou de escutar a Deus sobre a proibição de comer do fruto proibido, a única condição para que vivessem no Paraíso.

Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gn 3.6)

Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. (Gn 3.7)

Da desobediência de ambos resultou que Deus disse à mulher: “ Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez, em meio a dores darás à luz filhos, o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.” (Gn 3.16)

A Adão disse: “ Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa, em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.” (Gn 3.17)

Com este desastroso evento, lá vai desmoronando-se o Paraíso, que, em termos atuais, pode ser perfeitamente representado pelas mais caras situações às pessoas, de qualquer raça, em qualquer lugar e em todos os tempos: tranquilidade dos filhos, harmonia em família, segurança do patrimônio construído a dois, comida à mesa, oportunidade de trabalho digno, entre tantas outras.

Diante da ruína anunciada, transportada em tragédia emocional do cotidiano, vivida por muitos, uma pergunta surge: Teria Deus se enganado? Não seria sua criatura idônea para o propósito que Ele designou?

Impossível. Deus é Deus e não erra.

O que acontece então?

Convém verificarmos o significado da palavra “idôneo” para tentarmos compreender a intenção e extensão do texto sagrado.

Pelo IDicionário Aulete : idôneo 1. que é muito honesto, confiável, correto. 2. Que é competente, autorizado, abalizado. 3. Que é considerado apto técnica e moralmente para ocupar certo cargo ou desempenhar determinada função.

Estudo chileno – etimologia.dechile.net- aponta que a etimologia do adjetivo idôneo, pelo viés latino, é obscura, ou pelo menos os especialistas divergem a esse respeito. Uns dizem que a origem mais exata da palavra vem da raiz indoeuropeia Weid – de videre- ver em português.

Videre em dinamarquês é um advérbio: ademais, além disso. Em grego, sua forma é similar ao adjetivo latino – aspecto ou aparência ou imagem forma visual, percepção abstrata.

O estudo assinala que alguns dicionários identificam o adjetivo como “apto ou apropriado para algo”, não sendo, contudo, sinônimo de apto nem de adequado, ainda que a pessoa idônea ou a solução idônea implique que ambas são adequadas e aptas.

A análise chilena esclarece que o termo não admite gradação ou graus. Por exemplo, seria incorreto dizer que “alguém é mais idôneo que outro”, porém seria correto dizer que “ é mais apto que outro”. A pessoa ou a coisa idônea são aquelas que correspondem à idéia prévia daquilo que é requerido. De certo modo, traz a noção daquilo que é único, singular.

Com estes conceitos, podemos dizer que a mulher, criatura de Deus, é originalmente idônea para ser auxiliadora do homem. Na essência, permanece idônea. Deus ao criá-la estabelece que é bom para o homem ser ajudado, da mulher ele necessitando para plenamente realizar sua missão divina.

A desconsideração pela ordem divina transforma esta mulher de integralmente idônea em potencialmente idônea. Uma diferença e tanto se pensarmos que essa alteração na ordem das coisas sujeita a mulher a um esforço maior para deixar vir por completo à realidade o que existe apenas como potência a ser despertada, construída e extravasada. Assim como um bebê que tem condições para andar, porém terá que praticar e exercitar até que consiga andar satisfatoriamente.

Enquanto isso, o homem enclausura-se na autosuficiência, vivendo emocionalmente de forma impenetrável, resultando na infelicidade e insatisfação mútua.

Eva deixa para as mulheres este triste legado. Uma dívida a ser resgatada pela maioria.

Séculos de escravidão e maus tratos promoveram a grande revolução feminina. A mulher se faz igual ao homem em direitos e obrigações. Passa a com ele competir e até nele querer mandar, utilizando-se em todas as atividades de sua vida, inclusive em suas relações afetivas, do maior instrumental masculino: a agressividade.

E a dívida de Eva aumenta mais e mais.

O movimento feminino dos anos de 1960 ultrapassa seus objetivos, trazendo para o campo emocional, como reflexo da luta pela igualdade, a descaracterização da genuína natureza feminina, gerando, em conseqüência, dor, sofrimento e solidão. E o desencontro entre o homem e a mulher invade as sociedades modernas.

Os últimos censos realizados no Brasil indicam que mais da metade dos lares brasileiros são chefiados por mulheres.

Os livros tentam explicar as diferenças existentes. As aberrações patológicas ficam em outra esfera, ou médica ou policial.

Uns fazem sexo, outros fazem amor, e outros ainda, através do encontro sexual, transferem seu espírito para o ser amado.

De Odes de Salomão vem o seguinte pensamento:

Você me dividiu e rasgou meu coração. Encheu-me de amor. Derramou seu espírito no meu. Agora eu a conheço como conheço a mim mesmo.

O amor entre um homem e uma mulher é tratado na Bíblia de uma maneira poética, em Cantos de Salomão, como estas passagens : Esposa – “Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo. ” Esposo – Os teus lábios, noiva minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo de tua língua.”(Ct 5.2 e 4.11)

A mulher parece confundir feminilidade com sensualidade, esquecendo-se de que a sua própria estrutura física curvilínea já é por si só sensual e sempre ressaltará aos olhos masculinos, sem que para isso tenha que estar decotada, apertada e estufada. O mundo carece de mais atitude feminina, que revele delicadeza, solidariedade e acolhimento.

O homem, por sua vez, parece perdido na superfície do sensual, em uma busca frenética de prazer rápido e descartável, qual um super homem oco.

Refletindo sobre a anatomia de ambos, é fácil perceber que a mulher acolhe e recebe, e o homem projeta-se no espaço, ocupando este vazio que lhe foi conferido. Toda mulher sabe que basta apenas a presença de um homem ao seu lado – irmão, filho, tio, sobrinho, amigo, marido – para se sentir mais segura e confortável.

A incompreensão da palavra de Deus no sentido de que a mulher seja submissa ao seu marido (Ef 5.22) soa mal aos ouvidos descrentes, como bem colocou Cristiane Guimarães de Paula[1].

Lembra Cristiane que temos colhido na família as conseqüências de nossa desatenção quanto aos preceitos de Deus e isto influencia em muito nosso relacionamento com Deus e uns com os outros, roubando nossa felicidade e bem estar. Para ela, submissão nada tem a ver com anulação, como se fôssemos incapazes de pensar, de somar ou até de decidir. Como que sujeitas aos caprichos, devaneios e insensatezes dos maridos.

Do ponto de vista bíblico, a mulher estar sujeita ao seu marido significa para Cristiane confiar nele, descansar, sentir-se amparada, render-se.

Acrescenta que quando os filhos crescem testemunhando a submissão da mulher ao marido, o zelo que ela tem com ele, respeitando seu lugar de honra, sua prioridade e autoridade, compreendem com mais facilidade um princípio de confiança, descanso, segurança, proteção, respeito e honra.

Por isso, entende que é mais fácil transferirmos algo que já vivemos em nosso núcleo familiar para a pessoa de Deus do que internalizarmos preceitos que não existem em nós e que, portanto, não conseguimos compreender.

E a dívida de Eva toma proporções maiores, com a sobrecarga das mulheres, muitas oriundas de lares onde a figura do homem era fraca ou, talvez, inexistente.

O afastamento de Deus, para Cristiane, pode fazer com que não consigamos nos sentir ouvidas ou merecedoras de algo. Talvez, não consigamos nos render e confiar plenamente em Deus, e, consequentemente, em nossos maridos.

A estes, Deus também deu uma ordem: Assim também os maridos devem amar a sua mulher como o próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes, a alimenta e dela cuida. Como também Cristo o faz com a Igreja (Ef.5,28-29).

Cristiane chama a atenção para o diálogo como algo a ser conquistado, construído e alimentado, fruto da coerência, do equilíbrio e da verdade. Podemos ver esta atitude como parte do esforço a que temos que enfrentar para ir quitando a dívida de Eva.

A submissão da mulher tem seu significado bem prático nas palavras de Josué Gonçalves[2]. Ele não deixa por menos. Afirma, fundamentado no texto bíblico, que a liderança em casa é do homem, ainda que a mulher tenha os maiores títulos acadêmicos e que sua remuneração represente a maior fatia da renda do casal.

Isso porque, para ele, submissão ou “sub e missão” é exercer missão de apoio, estar sob a mesma missão.

Nesse sentido, aconselha a mulher a não se casar antes de conhecer a missão do futuro marido, para ver se dá para casar com a sua missão, vocação ou propósito (piloto de avião – sempre viajando; marinheiro – sempre no mar; garçom – trabalha à noite e final de semana; etc.)

É radical ao dizer que desgraçado é o homem que se casa com mulher que não se casa com sua missão.

Mais suave a respeito do tema criação do homem e da mulher, o teólogo, escritor e pastor paulista Ed René Kivitz[3], interpreta que a imagem de Deus não está nem no homem nem na mulher isoladamente. A imagem de Deus está no ser humano – feito macho e fêmea. Dois tornando-se uma só carne e refletindo a imagem de Deus. Daí a vida de casal ser sagrada, para ele.

Sobre o amor conjugal, entende ser este o resultado do andar junto tempo suficiente e gerar no outro, resgatar no outro o melhor que ele pode ser. Através do casamento, dá-se a entrega mútua onde um traz à luz o que existe em potência no outro, para que cada um seja o melhor possível. Citando a orientação bíblica sobre o amor como dom supremo (1 Co 13,4-7), considera que o amor é uma instrumento de transformação mútua natural, espontânea e curativa.

Nesse aspecto, pela obediência vemos a essência divina de ambos.

Para o pensador, o maior adultério que o ser humano comete é o adultério espiritual. Quando o ser humano deixa de acreditar em Deus, traindo-O e enamorando-se de si mesmo, tornando-se o seu próprio Deus.



[1] Pastora da Igreja Evangélica Pentecostal Cristã. Culto de 21/11/2010 – noite: A Consciência de Deus como pai e o quanto, como família, contribuímos ou não para essa compreensão.

[2] Pastor, terapeuta familiar. In www.familiaegraca.com.br

[3] Reflexões diárias www.youtube.com/edrenekivitz